sexta-feira, 26 de junho de 2020

Ritos religiosos

Aula de Ensino religioso / Rito, ritos e rituais





Ritos Judeus

Ritos de passagem judaicos: ontem e hoje

Para o povo judeu, liturgia é o “serviço do coração”. Todo ato litúrgico, entre os ortodoxos, deve começar com um quorum mínimo de dez homens. A liturgia constitui-se do Sehmá, “Declaração da fé judaica”, e da Amidáh, série de ações de graças, que usa a fórmula “Abençoado seja, ó Deus, Rei do Universo”. A cada semana, o shabat (sábado) é celebrado ritualmente em três momentos: no início do sábado, para nós, fim de sexta-feira, e no sábado de manhã e à tarde. A mulher inicia acendendo duas velas. O sábado é recebido como uma noiva.

A sinagoga é o lugar de culto e oração dos judeus. O substantivo sinagoga deriva-se do grego e quer dizer congregação ou assembleia. Na verdade, sinagoga é o local do culto, do estudo e de reunião. É um centro comunitários, lugar onde se discutem os problemas da comunidade e o local de encontro e de resistência. 

A sinagoga deve ser construída em direção a Jerusalém. As sinagogas mais antigas datam do ano 50 a E.C, embora se possa falar que já existiam na Babilônia (século V a E. C). Na sinagoga, o homem deve-se cobrir com o kipá (solidéu), para mostrar sua limitação diante do Criador, e a mulher, a peruca, para impedir a atração sexual do homem. Ainda hoje, nas sinagogas ortodoxas, os homens não se misturam com as mulheres. Estas têm um lugar à parte. O contato com as mulheres pode distrair o homem no momento de oração e leva-lo ao adultério. Entre os ortodoxos, a mulher não tem obrigação de ir à sinagoga para rezar. Ela precisa somente manter o lar judaico.

Na liturgia judaica, há também os ritos de passagem; cada um deles, assim como os sete sacramentos cristãos, acompanha a vida do fiel. Para entender a fé bíblica do Primeiro e do Segundo Testamentos, precisa-se compreender os ritos judaicos de passagem (cf. FARIA, Jacir de Freitas. Israel e Palestina em três dimensões: história, cultura, geografia; judaísmo, islamismo e cristianismo. Belo Horizonte: Província Santa Cruz, 2010. P. 51-57. O livro vem acompanhado de um DVD com mais de 300 imagens de Israel e da Palestina). Passamos a explica-los:

CIRCUNCISÃO – Festa para marcar no corpo do menino a sua pertença ao povo judeu. O prepúcio do pênis é cortado, isto é, corta-se aquilo que circunda. Daí circuncisão. Com esse gesto, o menino passa a ter o pênis liberado para cumprir o dever sagrado de gerar vida, crescer e multiplicar, bem como anunciar a Torá. Ele passa a ser o “homem da palavra”. O substantivo hebraico milah pode ser traduzido como “palavra ou circuncisão”. Nesse dia, o menino recebe o nome judeu e a menina, uma bênção especial. A circuncisão não torna a criança judia. Hoje, essa operação é feita em hospitais.

BAR MITZVAH – Festa que celebra a maturidade do menino judeu, quando atinge 13 anos. No shabat, o menino lê a Torá, tornando-se apto ao cumprimento do Mandamento. Bar Mitzvah significa sujeito ao mandamento. Entre os liberais, as meninas também celebram essa festa da maturidade. Jesus, por ser adulto e circuncidado, pôde ler o livro do profeta Isaías na sinagoga de Nazaré. Para muitos meninos judeus de hoje, a grande glória é poder celebrar seu bar mitzvah no muro das Lamentações, em Jerusalém. Eles carregam a Torá como se fosse uma noiva, uma esposa amada.

CASAMENTO NO TEMPO DOS RABINO - Em Israel, no tempo de Jesus, e mais especificamente no tempo dos rabinos (dos séculos II ao IV da E.C.), o casamento era realizado em três etapas, a saber: namoro, noivado e núpcias.

a) Namoro. São as preliminares de um futuro casamento. Um acordo, oral ou escrito, era feito entre os parentes dos jovens ou com o casal. Nele, eram acordados o local do casamento, a data, o tempo em que os pais manteriam o jovem casal e o valor da mulher (dote) da mulher, a ser pago pelo homem. Uma mulher virgem valia 200 zus, viúva e divorciada, 100 zus, e a filha virgem do sacerdote, 400 zus. As virgens deviam casar-se até a quarta-feira, as viúvas, na quinta-feira. Isso garantiria, no cartório, a devolução da noiva, caso não fosse virgem. Os rabinos exigiam a fase do namoro. Quem não obedecesse era flagelado.

b) Noivado. É a segunda fase do matrimônio, considerada o momento de santificação da mulher. Em uma festa, que podia durar até sete dias, o ritual poderia acontecer de um dos três modos:

1) Entrega de um objeto de valor. Na presença de duas testemunhas do sexo masculino, o noivo, com uma moeda ou outro objeto de valor nas mãos, dizia para a mulher as seguintes palavras: “Seja minha mulher. Case-se comigo. Seja a minha propriedade! Hoje, com esse gesto, você passa a pertencer ao povo de Deus”. A noiva podia ou não aceitar a proposta, mas sempre aceitava. Mais tarde, o objeto de valor passou a ser uma aliança.

2) Entrega de um documento, no qual constariam os nomes dos noivos e as condições do casamento.

3) Por meio de um ato sexual. Na presença de duas testemunhas, realizava-se um ato sexual. Comprovada a virgindade da noiva, o noivo dizia: “Com este ato sexual, você está casada comigo”. Esse modo de realizar o matrimônio, a partir do século III, foi abolido, por ser considerado imoral.

c) Núpcias. É a última etapa do casamento, sendo sua conclusão jurídica. Nela, a noiva era introduzida debaixo de um baldaquino, onde os noivos recebiam a bênção nupcial. Essa fase devia ocorrer 30 dias após a segunda, para as viúvas e divorciadas, e no espaço de um ano, para as virgens. A menção de Jesus a esse fato ocorreu com sua comparação do Reino com as dez virgens que deviam manter óleos nas lamparinas à espera do noivo que viria quando bem entendesse no prazo estabelecido.

MATRIMÔNIO HOJE – Na presença de um rabino e dez homens, os esposos assumem as obrigações da ketubáh. Inicialmente, faz-se um ato simbólico de compra da noiva. Segue a assinatura da ketubáh pelas testemunhas e pelo esposo. Os noivos são introduzidos debaixo de um baldaquino e, com uma taça de vinho, é pronunciada a primeira bênção. O noivo entrega um anel à noiva e lhe diz: “Você está consagrada a mim com este anel segundo a lei de Moisés e Israel”. Faz-se a leitura da ketubáh. Com uma segunda taça de vinho, é realizada a segunda bênção. Os noivos são levados para um quarto e simulam ou fazem um ato sexual.

PÁSCOA – Não é propriamente um rito de passagem, mas significa “passagem” do cordeiro na constelação, o que veio a sifnificar a libertação, a passagem do povo pelo mar Vermelho, quando o povo se libertou da escravidão do Faraó, no Egito. Os Samaritanos atuais, remanescente de seus ancestrais, que se constituíram como povo judeu, na Samaria, após a destruição do reino do Norte pelos assírios, em 722 a.E.C., celebram ainda hoje a páscoa samaritana, no monte Garizim.

MORTE E SEPULTAMENTO – O sepultamento deve ser breve. O corpo, envolto em um lençol, é levado ao cemitério, onde são recitados versos bíblicos e litúrgicos. Os homens enterram o defunto. O morto não pode ser velado por muito tempo. Sobre os olhos e a boca do falecido, coloca-se também uma pedra, de modo que, ao se encontrar com o Criador, ele não questione sua morte e tampouco veja o Criador antes do juízo final. Um pouco de terra é jogado na cabeça do falecido para lembrar-lhe que ele veio do pó da terra. Outro bocado é jogado sobre sua genitália, para demonstrar que a criação vem da terra, a genitália é apenas um meio. Os judeus também têm o costume de não voltar para a casa depois do enterro, de modo que o anjo da morte seja despistado. Eles também comem algo doce para tirar o amargor da morte.

Todos esses ritos de passagem são a expressão de fé do povo judeu em querer ser fiel a Deus, que o libertou da escravidão do Egito. Egito nunca mais! Ser santo e puro com Deus é. Eis o desafio judaico, que as páginas da Bíblia registraram.


Por – Prof. Manoel Rodrigues
Bacharel em Teologia-INTA
Lic. em Ciências da Religião-INTA
Pós-graduado em História das Religiões-FAENTEPRE
Formado em Letras-SESB
Pós-graduado em Língua Portuguesa-INTA
 Graduado em Biologia-UEMA

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